terça-feira, 25 de janeiro de 2005

"pra Luísa dormir em paz"

Tem uma cachorrinha que vive em frente à padaria aqui do meu bairro. Outro dia eu descobri que o nome dela é Luísa e fiquei encantada. Ela é uma SRD branca e caramelo, muito fofinha e esperta.

Sempre que eu compro pão, dou um pra ela. Ela gosta especialmente do pão de hambúrguer e, diferente da Hannah, só come inteiro, odeia que corte em pedacinhos.

As pessoas da padaria gostam muito dela. Os funcionários costumavam dar comida escondido, porque o dono da padaria não gostava dela ali, achava que incomodava os clientes.

Acontece que ela não incomoda. Ela é um amor. Os clientes adoram e o dono acabou se rendendo e agora todo mundo dá comida pra ela sem problema.
Nos dias quentes, ela fica deitadinha no chão de granito da padaria. Deve ser porque é geladinho.

Quando eu passo pela padaria, sempre dou uma olhada pra ver se ela está por lá.
Hoje, voltando pra casa, eu encontrei com ela, fiz carinho, brinquei um pouco e falei "Agora eu tenho que ir, Luísa, desculpa".
Ela pulou em mim pedindo mais carinho e depois abraçou a minha perna.

Eu comecei a chorar ali mesmo. Se eu morasse numa casa e não num apartamento, e se meus pais deixassem, eu traria ela pra morar aqui.

É a coisa mais fofinha e mais carente. Eu faço carinho nela e ela fica sorrindo com aqueles olhinhos tristes.

Ela ficou me abraçando e eu falei "Luísa, eu tenho mesmo que ir pra casa. Eu queria te levar, mas eu não posso"

Ela largou a minha perna, eu vim andando pra casa e ela veio andando atrás de mim, mas só até passar pelo moço do churrasquinho.
Aí ela parou pra ganhar uns pedaços de churrasco, que ela não é boba nem nada.

"O meu coração aos pedaços
Se remenda prum número a mais"

(Luísa, de Chico)

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