sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Só o meu pai mesmo

Meu pai tava no terraço, se preparando pra colocar uma costela de porco na churrasqueira (não sei como são os hábitos alimentares do seu pai, mas o meu come churrasco tipo todo dia e carne de porco umas três vezes por semana, no mínimo). Isso depois de ter comido ontem quase meio quilo de uma lingüiça que ele comprou no ma-ta-dou-ro que era só gordura.

Bom, aí, ele começou a sentir um formigamento no braço.

Um pai normal, eu imagino, chamaria os dois filhos que estavam dormindo no andar de baixo. Não o meu, o meu não.

O meu pai resolveu sair de casa sem falar com ninguém e ir an-dan-do até o hospital do coração. Uns 30 minutos andando. Achando que estava com um princípio de infarte. Porque tudo de que você precisa quando acha que vai infartar é demora no atendimento.

Chegando lá, depois de ser examinado, ele ligou pra casa pra avisar que tinha "se sentido um pouco mal e estava com a pressão um pouco alta" e pra dizer que ninguém tinha que se preocupar com ele.

Como eu também não entendo as coisas de primeira, eu só disse "tá, beijo" e fui ver televisão. Depois de uns 20 minutos, eu me toquei que não tinha entendido o recado direito e liguei de novo pra perguntar "papai, onde você tá? por acaso você tá no hospital?", ao que ele respondeu "tô, tô esperando o médico voltar com os meus exames. não avisa a sua mãe, não."

Uns 20 minutos depois eu me toquei que ele tava sozinho no hospital, cara. Aí fui me arrumando e falando pro meu irmão "cara, a gente tem que ir lá ver meu pai", e liguei pro meu pai pra avisar que a gente tava indo, pra ele esperar a gente lá. Aí ele disse que não, que já tinha sido medicado e tava tudo normal com o coração e não tinha sido nada grave, ele já tava voltando pra casa. Aí eu falei pra ele voltar de táxi, e ele disse que sabia o que tava fazendo. E voltou andando pra casa.

É claro que quando ele chegou eu já tinha ligado pra família inteira (menos pra minha avó, claro) e já tinha mobilizado todos pra organizar uma patrulha antigordura.

Eu quero ver como é que vai comer gordura agora. Vai ficar só na rúcula.

2 comentários:

  1. tche! ou o meu pai tem duas famílias (ok, uma no Rio DE JANEIRO e outra no Rio GRANDE DO SUL, difícil, mas vai saber) e somos meio-irmãs ou os pais são todos iguais mesmo, mesmo. meu pai (e eu sou QUASE uma vegetariana) come tanta carne que não sei como ele aguenta, e a preferida é, claro, o picanhão do mal, cheio daquelas gorduras HORRENDAS.

    outro dia teve uma esquemia. braço dormente, talicoisa. foi no hospital porque um colega de trabalho (rezemos pelo colega de trabalho!!!) achou ele esquisito e obrigou ele a entrar no carro e levou meu pai no hospital. minha mãe só ficou sabendo bem detardezinha, quando voltou do trabalho (eu não moro mais lá). uma coisa meio assim "a propósito, acho que hoje tive um derrame". quando eu xingo ele no fone, "pai, olha essa bosta de cigaaaaaarro, olha a comida, faz favor de comer menos frituuuuuuuuuuura, tche!", ele diz a clássica: "calma, eu sei o que tou fazendo". aí eu pergunto: tem jeito dos filhos desses caras não terem um infarto com 30 anos sabendo desse tipo de coisa? o pior não é os pais virarem filhos, é que eles são filhos maiores que tu e podem dizer "eu sei o que tou fazendo". vai lá olhar e vê se teu pai não tem cavanhaque grisalho. se tiver, diz pra ele voltar pra casa, que a família do sul tá esperando ele.

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  2. O.O
    meu pai tá com a barba grisalha!

    meudeus, vou mandar ele de volta pro sul pra vc dar um jeito nele!

    hahahaha, não se sabe mais o que fazer com ele. ele fez picanha esse fim de semana. não tem jeito, tem que esconder a chave do freezer...

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