terça-feira, 26 de outubro de 2010

Você sabe o que é estar dormindo, acordar no meio da noite e ver que a pessoa que dorme ao seu lado dorme com uma máscara de sono? De cetim? Repito: de cetim?

Bom.

Não pude nem rir, porque, cheia de sono, fiquei mega maluca pensando "meudeus, onde estão os olhos dele? ele perdeu os olhos! cadê os olhos? socorro!"

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Por mais que eu queira seguir em frente, me dói muito esquecer. O seu último aniversário eu quase esqueci. Era dia de análise, entrei no consultório e logo no início da sessão ela me perguntou de você, se eu tinha te ligado, porque era seu aniversário. E eu chorei porque tinha esquecido. Eu esqueci o seu aniversário. Você é meu leonino preferido, o mais querido, o mais amável, parece até um leãozinho de verdade. Saí correndo pra te mandar um e-mail dizendo que ia passar o dia fora de casa, por isso não tinha ligado, e te ligava no dia seguinte. Eu menti pra você. Eu ia passar mesmo o dia fora de casa, mas se eu tivesse lembrado que era seu aniversário, teria te ligado assim que acordei, às 10h aí. Mas eu esqueci.

Eu sei que tá certo, eu sei que tudo bem. Nós conversamos tanto sobre isso, sobre como era hora, como já tinha passado da hora. Nós falamos tanto disso. Eu entendo, eu concordo, eu aceito. Mas poucas coisas me fizeram sentir mais culpa quanto esquecer o seu aniversário.

Fico me perguntando o que mais eu vou esquecer. Será que vou esquecer da surpresa que você fez no meu aniversário? Será que vou esquecer a primeira frase que você me disse? De todos os jantares que você fez pra mim? Será que vou esquecer que você me deu a última mordida do seu doce preferido porque o doce que eu pedi não era tão gostoso quanto o seu? Será que vou me esquecer de como você era chato e reclamava da minha forma de jogar tênis? Acho que disso eu queria esquecer, você era chato mesmo. Será que vou esquecer do que você escreveu sobre mim no seu diário? Será que vou esquecer que você tinha um pijama igual ao meu? O que eu vou esquecer?

Tantas coisas eu já esqueci que eu me pergunto o que você já esqueceu.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Outro dia eu fui trabalhar com uma calça rasgada. Isso não é nada, eu sempre vou trabalhar de calça rasgada, porque eu não tenho maturidade. (aproveito pra mandar um beijo pra você que estudou, sei lá, direito e vai ficar rico, mas tem que trabalhar de roupa chata. eu estudei literatura e vou ser pobre pra sempre, mas não preciso esconder minha imaturidade e posso trabalhar de calça rasgada \m/)

Só que eu dou aula pra crianças. Com crianças, TUDO vira assunto. Uma calça rasgada é assunto pra horas.

Era a primeira vez que eu ia com a calça, que é esta aqui, numa pose fabulosa na frente de um ônibus branco:eu desprezo tanto programas de turista quando viajo que tiro fotos na frente de ônibus. tá?

Daí entrei na sala.
-Tia, que calça é essa?
-Tia, sua calça tá rasgada.
-Tia, o que aconteceu com a sua calça?

Respondi que tinha tido problemas com um cachorro antes de ir trabalhar.

Alguns minutos depois:
-É sério que você lutou com um cachorro?
-Não! Não! Eu tava brincando.

Mais alguns minutos depois:
-Mas você comprou assim?
-Sim, comprei rasgada.
-POR QUÊ?

Até que ele não aguentou mais:
-Tia, mas eu não tô entendendo essa calça rasgada. Me explica! Qual é o sentido disso?

Qual é o sentido disso?
<3

Ai, Pedro. Qual é o sentido disso? É o que eu me pergunto todo dia. Bem-vindo ao clube de quem não entende o sentido disso.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

-Borges?
-É, como o escritor.
-Que escritor?
-o.O
-De que escritor você tá falando?
-Jorge Luis Borges, ué.
-Não conheço.

Eu entendo, eu sei que ninguém precisa ler os mesmos livros que eu. Assim, toda uma compreensão dentro de mim. Eu sei, eu entendo. Mas é mais forte do que eu. Eu tenho que falar uma bobagem. Tenho que falar uma bobagem. Não tô aguentando, vou falar.

-Você não conhece Borges? Mas você é, tipo, burro?

É por isso que eu não tenho um namorado.


(por um milagre do universo, o menino do post não ficou ofendido. ele entendeu a piada - ou não - e riu.)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Acho que nunca vou ver o número na agenda do celular e tudo bem.

Espero ligar? Ligo? Não ligo?

Daí fiquei pensando e acho que o pior pra mim não é isso. O pior é mesmo nunca saber o que vai acontecer. O pior pra mim e pra todo mundo, né? Eu sei, eu sei.

Mas é o que eu queria. Queria saber no que vai dar antes de ligar. As pessoas podiam usar crachás. "Vou ficar na sua vida por 2 meses"
"Vou sumir depois de 3 encontros"
"Vou ficar com você e com todo mundo"
"Nunca vou te apresentar aos meus amigos"

Tão mais fácil.

Eu aceitaria usar um crachá. No meu crachá você leria: "Não sei se é isso que eu quero, mas tô aqui mesmo assim."