domingo, 31 de julho de 2011

É ótimo viajar sozinha - eu gosto de ficar sozinha. Também é ótimo viajar acompanhada. É ótimo viajar - eu gosto de viajar.

As únicas coisas chatas de viajar sozinha são:
1. Em quase todas as suas fotos você vai sair com aquelas bochechas gigantes porque tirou fotos de si mesma da distância do seu braço. Se você vai viajar sozinha, abre mão de sair linda nas fotos. Abre mão. Aceita suas caras na foto. Aceita.

no Centro Gabriela Mistral

2. Sempre vai ter alguém que vai reparar que você tá sozinha. E vai perguntar. Daí quando você confirmar, a pessoa vai dobrar a cabeça assim pro lado, fazer uma carinha de pena e perguntar "Por quê?" E você não tem muita saída. Diz logo a verdade. Diz que você é uma pessoa horrível, não tem amigos e ninguém que se importe minimamente com você a ponto de pegar um avião junto com você e dividir um quarto e essa coisa toda. Diz a verdade. Diz que você é insuportável e ninguém aguenta ficar perto de você por tanto tempo. Depois disso, não há mais perguntas chatas. Só sorrisos constrangidos. Mas antes os deles do que os seus.

no Parque de Las Esculturas

desde que a Camila me incentivou, eu nunca mais deixei de viajar porque não tinha companhia. se meus amigos não têm férias junto comigo, não têm dinheiro ou não querem ir pra onde eu quero ir, nada mais é desculpa. eu vou sozinha. e ainda faço cara de badass e tiro muitas fotos fazendo rock on.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Nao sei acentuar neste teclado.

Jah corri da policia.

Jah fui atropelada por uma bicicleta.

Jah encantei garcons.

Jah comi muito bem.

Jah bebi muito vinho. E pisco sour. E cervezas.

Jah andei a cidade quase toda a pe.

Jah amei muito esse friozinho seco que faz aqui.

Jah me apaixonei muitomuitomuito por Santiago.

domingo, 24 de julho de 2011

Sobre essa minha, hum, tendência, a curtir meninos que estão longe de mim, minha analista fez a seguinte pergunta:

-E aí, vai voltar das férias com um chileno?

Eu queria dizer que não. Mas, he, quem sabe, né?

Então, vou ali e já volto.


eu aluguei um apartamento com wifi, mas tô levando só o celular e é ruim escrever naquele tecladinho, né? então acho que esta semana não tem post e talvez eu demore pra aprovar comentários.

E tem menino que estraga vários posts ressentidos com o mundo e com a vida e com o universo que estavam engatilhados aqui.


Mas que droga, nem amarga eu posso ser em paz.

;)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

nada

Eu mordi a língua. Todo mundo morde a língua às vezes, eu sei. Mas, olha só, eu dei uma mordida tão forte na minha língua que não sei como não arranquei um pedaço. Foi a mordida na língua mais forte de toda a história das mordidas na língua.


No dia seguinte, eu não consegui comer quando acordei. Me obriguei a tomar uma caneca de café, porque precisava ficar acordada. Como tudo na minha vida, eu esperei que passasse naturalmente. Eu não coloquei nenhum remédio. Só esperei passar. No meio do dia, tomei um suco. À noite, tomei outro suco e comi uma tigelinha de polenta. Depois tomei outro suco. E essa foi a minha alimentação durante o dia. Porque eu mordi a língua e por causa disso eu senti dor e fome.

E a mordida na minha língua continuou doendo mais do que tudo e me lembrando durante um dia inteiro o quanto eu sou idiota. Porque eu mordi a minha língua. E eu mordi tão forte que não sei como não arranquei um pedaço e eu não conseguia comer e eu escolhi não fazer nada.

Eu esqueci que algumas dores não passam. Como tudo na minha vida, era preciso fazer alguma coisa. A dor não ia passar sozinha. É claro que, como tudo na minha vida, eu esperei tempo demais pra resolver a situação. E quando cheguei em casa, já na madrugada do dia seguinte, não tinha remédio pra mordida na língua e não tinha farmácia aberta.

A sugestão que eu recebi foi aplicar bicarbonato de sódio. Eu era muito ruim em Química na escola, mas acho que nenhuma estupidez justifica eu só me tocar que bicarbonato de sódio era um sal quando eu coloquei na minha língua machucada.

O bicarbonato de sódio fez o papel dele e ardeu como um sal. E caíram duas lagriminhas. Uma por causa da dor. Outra por causa da minha estupidez.

No dia seguinte, só consegui comprar um remédio depois que saí do trabalho, quando parecia que eu estava sentindo dor desde que nasci. Eu já nem sabia viver sem aquela dor.

Uma amiga que já mordeu a língua a ponto de sangrar definiu isso como "muita inabilidade para viver."

Se eu não sei nem coordenar meus dentes e língua, o que é que eu sei?


minha mãe é que diz: "minha filha, como você é capaz de fazer isso com você mesma?" não sei, mãe. eu juro que não sei.

terça-feira, 19 de julho de 2011

-Você me faz suar. Calor não me faz suar. Um rottweiler rosnando me faz suar. Um carro buzinando pra mim porque eu atravessei a rua na hora errada e ele quase me atropelou me faz suar. Perder o equilíbrio e quase cair me faz suar. Me atrapalhar e mandar uma DM por engano pra minha timeline me faz suar. Um morcego voando baixo quase batendo na minha cabeça me faz suar. Você me faz suar.


Pode entrar pra série Elogios que eu gostaria de fazer mas gerariam mal entendidos.

Então fico na minha.

sempre pode ser pior.

domingo, 17 de julho de 2011

como sempre

Entro no táxi, já jogando a cabeça pra trás no banco, com aquela cara de quem vai pensando até chegar aonde tem que chegar.


E no rádio a Whitney Houston começa a perguntar para onde vão os corações partidos.

Whitney, querida, todos eu não sei. Só sei que o meu eu tô levando comigo.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

na teoria é fácil

-Você é bonita.

-Ahahaha, você tinha que ter me visto na adolescência.

Não.

Não, Renata, ele não tinha que ter te visto na adolescência. Para de fazer piada de autodepreciação. Não é atraente. Nem engraçado é. Para. Just stop it. Não dá certo. Não faz isso.

Sorri e aceita o elogio, Renata. Sorri e aceita o elogio.

Diz obrigada. Dá outro sorriso.

É assim que se faz.

Aprendeu?

quarta-feira, 13 de julho de 2011

"E aí, Renatinha, tá solteira?"


Primeiro: hahahahahahahahahahahaha. Dois minutos rindo sem parar e mostrando a mensagem na tela do meu celular para todos os amigos à mesa. Vejam isso. Vejam isso. É com isso que eu tenho que lidar.

Segundo: que bom seria se todos fossem tão diretos assim, né?

E aí, Renatinha, tá a fim de perder seu tempo?
E aí, Renatinha, tá a fim de ficar de coração partido?
E aí, Renatinha, tá a fim de fazer papel de boba?
E aí, Renatinha, tá a fim de ficar esperando eu ligar assim que voltar daquela viagem a trabalho?
E aí, Renatinha, tá a fim de nunca conhecer meus amigos?

Hm. Pensando bem, não seria bom, né?

Ainda prefiro surpresas. He.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Final de domingo, tô lá esperando o embarque e - opa, o que tá acontecendo comigo? - começo a chorar lendo um texto da Martha Medeiros no celular. Sim. Isso mesmo. Pois é. Pois é. Eu me vi, num domingo à noite, chorando com um texto da Martha Medeiros.


Foi quando, no meio de toda a minha dor e do meu sofrimento, eu consegui entender o que estava acontecendo.

Ah, é você, TPM. Pode entrar, sinta-se em casa.


corri, comprei e comi um chocolatinho e tudo ficou bem de novo.

Você chega em casa no domingo à noite depois de um fim de semana fora. Vem puxando sua malinha vermelha linda que a empresa aérea quebrou porque não manuseia as coisas com o mesmo amor e carinho que você.


Daí você sobe os dois lances de escada carregando sua malinha e finalmente chega em casa.
-Filha, tem pastel pra você.
-Ai, mãe, que delícia. Amo pastel. Pastel é a coisa que eu mais amo no mundo todo! Que bom, que bom!

Seu pai interrompe seu momento de pura felicidade pra dizer:
-Ihh, não tem pastel, não. Não sobrou.

:´(

Opa, opa, opa.


Vocês estão todos loucos.

Não é pra ficar em casa remoendo mágoas, gente. É pra sair e conhecer pessoas. Mesmo que a gente não queira. Mesmo que a gente odeie pessoas. Mesmo que a gente tenha a certeza de que pessoas só causam problema.

Nada de ficar em casa.

Vamos otimizar o tempo. Vamos remoer mágoas no ônibus, indo pro trabalho. Vamos aproveitar o engarrafamento pra sentir pena de nós mesmos. Em vez de ouvir a bronca do chefe, vamos pensar que nada vai mudar.

Mas no sábado à noite, no domingo à tarde, sei lá, o tempo que você tem livre, nada de ficar remoendo tristezinha. Vamos conhecer pessoas, sim. Mesmo que seja só pra ter motivo pra reclamar.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

E na terapia a pergunta:

-Você está saindo pra conhecer gente?

Não. Não estou saindo pra conhecer gente. Odeio conhecer gente. Odeio gente. Gente só me traz problema.

Estou ficando em casa remoendo mágoas, sentindo que nada vai mudar e nada vai dar certo. Estou ficando em casa longe de toda gente.

Ok, ok, ok.

Já entendi.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Chego em casa num dia comum, era uma quarta-feira. Na quarta todo mundo trabalha, na quinta também. Ninguém tem folga no meio da semana. Daí chego em casa numa quarta-feira, num dia comum, entro na cozinha e tem, veja bem, não estou brincando:

-empadão de camarão
-quentão
-cocada
-pé-de-moleque

Tudo feito em casa, não tenha dúvidas disso.

No dia seguinte tinha festa junina no trabalho da minha mãe e ela não queria, veja bem, não estou brincando, que comprassem comida pronta. Tinha que ser tu-do feito em ca-sa.
...
Minha mãe é daquelas que diz "Não entendo quem compra nhoque pronto. É tão mais gostoso feito em casa! Não en-ten-do."
...
Na cozinha, desenhada pelo meu pai, tem um balcão enorme feito especialmente pra fazer comida. Quanta massa foi sovada ali eu nem sei dizer.
...
Uma vez uma pessoa veio aqui em casa num dia de festa - meus pais fazem todos os pratos em casa - e disse "Que bonitinho, um do ladinho do outro, parecem que estão numa fábrica. Olha só, cada um tem uma função." E eles passam o dia inteiro cozinhando.
...
Quando eu era criança, meu grande sonho era comer lasanha e pizza congeladas. Eu me achava muito jeca porque aqui a gente só comia comida caseira.