domingo, 30 de dezembro de 2012

Eu comprei um leitor digital (o meu é o Kobo da Livraria Cultura que rima com fofura!) já pensando em usar pra livros muito grossos, ruins de carregar na bolsa, e livros que tivessem que ser encomendados e demorariam a chegar até mim.

Não pretendia parar de comprar livros físicos.

Daí comprei um leitor digital e, por mais que seja uma experiência muito legal, ficou claro pra mim, mesmo com pouco uso, que eu nuncanuncanunca serei capaz de parar de comprar livros físicos.

Mais do que cheiro de livro, como as pessoas gostam de dizer - pra mim, depois de um tempo, livro só tem cheiro de rinite - o gostoso é o peso do livro, folhear páginas e fazer uma das coisas que eu mais gosto na vida: folhear correndo o livro até chegar à ultima página e passar os olhos por ela, tentando ler o final.

É um momento que dura só alguns segundos, eu nunca me permito ler o final de verdade. Tenho só alguns segundos pra dar uma olhadinha e ler o que conseguir do final, pra voltar ao começo e passar todo o livro tentando encaixar as pecinhas.
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Obrigada a todo mundo que me ajudou a escolher! Já tenho dois livros no meu kobinho. (acho que nunca disse, mas tenho uma coisa de só comprar um livro ou dois por vez, pra me organizar e controlar a ansiedade. normalmente, livro novo na minha casa só o que estou lendo no momento ou o que espera pra ser lido depois dele) Estou adorando ler nele, é muito leve, é como ler a página de um livro mesmo e já saí com ele na bolsa e tudo =)
Não tem muita diferença dele pro Kindle. No final, minha escolha foi mezzo política/ mezzo afetiva. Foi mais uma escolha entre livrarias do que entre aparelhos.
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O primeiro ebook que eu comprei pro kobinho foi On Beauty/Sobre a Beleza da Zadie Smith. Ele custou R$21,69, comprei no próprio site da Livraria Cultura e paguei por transferência online (e a possibilidade desse tipo de pagamento era um ponto a mais do Kobo pra mim) Também dá pra comprar livros pelo próprio kobinho na livraria da Kobo, usando wifi e cartão de crédito, mas a Livraria Cultura tem um acervo melhor.

O livro físico nem seria tão mais barato, ele teria custado R$28,60, mas teria demorado 8 semanas + prazo do frete pra chegar até a minha casa.
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É muitomuito legal ter um dicionário ali pertinho pra tirar uma dúvida sobre o significado de alguma palavra. Eu não lia em inglês usando um dicionário há muitos anos, porque é pouco prático, mas poder consultar um só encostando na tela torna tudo muito mais fácil. Estou adorando e já aprendi palavras novas. Tenho certeza que isso também vai acontecer quando eu ler algo em português nele, mas com menos frequência, espero. =)
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Sublinhar um livro de papel é TÃO mais gostoso! Amei isso de poder fazer uma página de notas e grifos e ver todos de uma vez. Mas sublinhar no papel nem se compara a marcar alguma coisa num leitor digital. Sim, eu sublinho meus livros. Eu escrevo nas margens. Eu até converso com eles, escrevendo "haha" ou "ugh!", colocando carinhas tristes e felizes nas páginas. Se um dia meus livros forem parar nas mãos de outras pessoas, eu quero estar dentro deles.
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Que lindo é ter livros na estante, cada um de uma cor e tamanho. Imagina uma casa sem livros, que sem graça. A primeira coisa que eu faço na casa de alguém é olhar a estante de livros. A minha é bem bagunçada e foi feita pelo meu pai, com madeira que sobrou da construção da casa onde a gente mora. =D

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


A pessoa me liga pra oferecer uma coisa que até me interessa. Pede que eu diga a senha do serviço na Internet e meu CPF. Eu não gosto da ideia e também nem sei que senha é essa. Senha de quatro números pra usar na Internet? Isso não existe, ela só pode estar inventando. Nunca ouvi falar disso. E de repente, poxa, devo estar perdendo várias coisas legais sem essa senha de quatro números. =( Espera, deixa eu me concentrar.

-Olham, desculpa, não vou dizer isso por telefone. Não estou tão interessada assim.
-Então a senhora pode me dizer a data de vencimento da conta e seu aniversário.
-Não, eu também não quero dizer isso, desculpa.
-E se a senhora me disser seu endereço?
-Ah, meu endereço também não quero dizer. Olha, vamos deixar pra lá. Realmente nem é uma coisa que me interesse tanto assim.
-Então, eu digo seu endereço e a senhora diz se está certo.
-Não, porque aí nem faz sentido. Como você vai saber que eu sou eu? Se outra pessoa atendesse você daria meu endereço pra ela!! Sério, desculpa, eu já nem sei mais o que foi oferecido. Eu não lembro. Vamos nos despedir sem confirmar nada, é muito esforço pra uma coisa que nem me interessa tanto assim.

Muito esforço por uma coisa que nem me interessa tanto assim. História da minha vida.
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Só pra lembrar minha analista naquela consulta em que ela disse "então, o que você quer é que as pessoas se ajoelhem aos seus pés?" e eu respondi que sim, era mais ou menos isso mesmo, hehe.
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"Tudo que precisa ser conquistado dá problema depois." (Barba ensopada de sangue, Daniel Galera)

sábado, 22 de dezembro de 2012

E falo de drama sendo uma mulher de quase 30 anos que consegue terminar um dia tendo que tirar chiclete do próprio cabelo.

Eu estava fazendo uma bola gigante enquanto ventava.

Vivo uma vida de aventuras.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Eu fiz uma página pro blog no Facebook, não sei se vocês viram. =)

Tantos Clichês (o endereço é /tantocliche porque no plural já estava sendo usado. he. mas o nome original do blog era tanto clichê, então ok)

A ideia era colocar lá coisas que eu acho curtinhas demais pra colocar aqui. Tipo fotos de girafinhas bebês, essas coisas. E colocar lá links com as atualizações do blog.

Mas hoje vou fazer o contrário, quero trazer pra cá uma coisa que perguntei lá, sobre leitores de livros digitais.

Você já tem um leitor digital? Qual é, como escolheu? Acho que chegou minha hora de ser e-leitora. Me ajuda a escolher o meu?

=)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Conciliar carreira e filhos.
Fios brancos que aparecem antes dos trinta.
Ter que escolher entre ter um compromisso ou ficar livre.
Escolher entre comprar uma casa ou largar tudo e viajar ao redor do mundo.

Tsc.

O verdadeiro drama da mulher dos anos 2010 é se machucar com as tachinhas do sapato enquanto anda.



domingo, 9 de dezembro de 2012

Eu acho bonitinho ver um casal de velhinhos de mãos dadas. OK, até acho.


Mas tem uma coisa que eu acho mais bonitinha ainda: um grupinho de senhorinhas amigas.

Um amizade que durou tanto tempo porque nunca deixou de existir. Não tá ali só por costume, não tá ali por medo de não achar coisa melhor, não tá ali pra não ter que dividir o patrimônio, não tá ali enquanto os filhos não crescem, não tá ali porque é feio ficar sozinha.

Tá ali porque existe.

Elas chegam no restaurante, sentam e dão opinião uma no pedido da outra. Todas de cabelo curto e penteado, porque são daquele tempo em que ainda se penteava o cabelo pra sair de casa. Quando chegar a minha vez de ser parte de um grupo de senhorinhas amigas, vou estar de cabelo despenteado, como estive a vida toda, imagino. Casaquinho no ombro, relógio pequeno de pulseira fina. Anel em um dedo de cada mão e só. Umas de cabelo branco, outras quase loiras.

Tomam chopp, tomam vinho, uma delas não pode beber por causa do remédio de pressão. Mas só um copinho não faz mal.

Há quantas décadas elas são amigas? E ainda se arrumam pra ver uma a outra, fazer um programa só delas.

Porque quiseram, com uma escolha atrás da outra. Como eu acho que todo amor deve ser.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

"Tu é apegado a essa distância. Tu tem toda uma coisa autossuficiente, superior. Um ar de leão sentado no trono. E ao mesmo tempo tu é tão doce. Tu não faz sentido."
(de Barba Ensopada de Sangue, do Daniel Galera. Livro bom demais)

Quando você fez o sinal de rock on com seus dedos tão perto da minha mão. Eu quis mais do que tudo fazer a mesma coisa e juntar a minha mão com a sua. Love on.

Mas eu sou tão boba.

Que não fiz nada além de dar um risinho.

Mas eu quis.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012


Na aula dos minialunos de 8 anos: socorro uma que caiu da cadeira, enquanto lido com uma contando que falou "piranha" três vezes na frente do espelho, mas a loira do banheiro não apareceu.

Ao mesmo tempo, recolho a coleção de revistinhas do Club Penguin que começou a circular pela sala, digo que vai ficar tudo bem pra minialuna que de repente descobriu que só consegue virar a cabeça pro lado direito e desminto o boato de que a Hello Kitty não tem boca porque fez um pacto com o diabo.

Apenas uma hora depois, estou cansada pelo resto do dia.

domingo, 25 de novembro de 2012

Eu tinha um namorado de quem eu precisava me separar. Eu amava muito esse namorado, mas precisava me separar dele. A gente já tinha se separado, mas precisava se separar. Aquela coisa.

Daí, ele me dava uns livros. Naquela fase em que a gente já tinha se separado, mas precisava se separar. Eu também mandava livros pra ele. Livros que diziam muita coisa. L'Amour aux temps du cholera.

Ele me dava livros, os livros preferidos dele, livros que ele achava que tinham a ver comigo. E eu não li nenhum. Eu não li nenhum dos livros que ele me deu naquela fase em que a gente já tinha se separado, mas precisava se separar. Comecei todos eles e nunca consegui terminar. Eles seguem na minha estante, o marcador de páginas da livraria Cultura me mostrando onde eu parei.

Nenhum deles eu li e muitos deles eu nem entendi por que tinha recebido. Alguns eu só entendi quando ele me explicou e me mandou abrir na página 289 pra ver o que ele tinha escrito pra mim em caneta vermelha. O coração desenhado. Eu nunca cheguei até a página 289 de nenhum dos livros que ele me deu naquela fase em que a gente já tinha se separado mas precisava se separar.

...
Alguns anos depois, eu precisava me separar de alguém que não era meu namorado. Eu achava que ele não era meu namorado porque não queria e levei muito tempo pra aceitar que eu não queria um namorado.

Bom, aí tinha essa pessoa que não era meu namorado porque não queria ser mas de quem eu precisava me separar porque eu achava que queria ter um namorado.

Eu tinha que me despedir dele. Então eu me despedi e dei um livro cujo primeiro capítulo se chamava O amor é sexualmente transmissível. Foi a primeira vez que eu disse que amava aquele cara que na época não era meu namorado porque não queria.

A segunda vez que eu disse que amava esse cara que continua não sendo meu namorado também veio por escrito, mais de um ano depois, num cartão, com uma letra tão tremida que me envergonho só de lembrar. Tantos exercícios de caligrafia eu fiz.
...
Tudo isso pra dizer que hoje eu acordei e, como todos os domingos, fui logo ver os segredos do PostSecret.com. Quase todo domingo tem um segredo pra mim. O meu segredo de hoje foi esse:

"Eu leio livros que você me deu, livros que você me recomendou, e livros dos quais eu sei que você gosta, porque isso me faz sentir mais próxima de você."

 O meu segredo é que pra mim o sentimento é sempre palavra. Minha ou dos outros. Mas sentimento escrito pra mim é mais fácil de entender. E até de sentir.

e poucas coisas criam uma ligação tão forte entre mim e outra pessoa quanto gostar de um livro que eu recebi porque alguém tinha adorado e queria que eu lesse. é um encontro.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Nada como dar um passo atrás, respirar e olhar ao redor.

Tudo fica mais fresco.

As mesmas coisas de antes, as mesmas pessoas de antes, os mesmos problemas, as mesmas alegrias. Tudo mais leve, tudo mais fresco.

Tudo fica melhor com um pouco de tempo e de distância.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

chope pré-feriado

Tropecei, bati meu joelho esquerdo num degrau enquanto subia a escada.

Fui beber água, a bandejinha do purificador de água estava solta, minha caneca de ovelhinha caiu e se quebrou em mil caquinhos.

Peguei jornal, uma vassoura, catei os caquinhos, embrulhei no jornal e joguei no lixo.

Chorei sentada no chão da cozinha (não sei bem por quê). Um pouquinho.

Horas depois, lembrei que, à 1 da manhã, em algum momento entre catar os cacos e chorar sentada no chão da cozinha (não sei bem por quê), vim ao quarto, peguei papel, caneta e durex e pendurei uma plaquinha no purificador de água onde se lia INTERDITADO!

No dia seguinte, a primeira coisa que eu fiz (bem antes de lembrar que tinha interditado o purificador de água), foi comprar uma caneca de pinguins.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Abri um iogurte. Estava mofado.
Abri outro iogurte. Estava mofado também.

No fim da noite, foi por ciúme que meu estômago revirou.

Tentativa de flerte num supermercado às nove da noite de um dia de semana. E minha única vontade era ir lá e falar: "Meu querido, você não tá vendo a minha cara? Você se importaria de me dizer o que fez o dia todo? Você deve ser um desocupado pra estar com essa disposição toda e esse rostinho fresco a esta hora do dia. Meu querido, que horas você acordou hoje?"

Mas de verdade mesmo eu só joguei o cabelo no rosto e fingi que não era comigo porque não tenho como lidar com flerte às nove da noite, tendo acordado às seis e tendo como última refeição duas empadinhas de palmito no lanche.

domingo, 28 de outubro de 2012

É porque eu não me escondo nos bolsos pra não ter que dar a mão. É porque abraçar é a coisa mais fácil do mundo. É porque eu quero tirar o xampu da testa pra não cair nos olhos. É porque eu quero dizer as coisas mais lindas e não quero dizer nada ruim, feio ou cruel. É porque eu não quero que o tempo passe. É porque eu não quero ter que acordar, pra não largar do abraço. É porque não me importa o nome que se dê, o que seja isso.


É porque não importa o que é pra você, pra mim é amor.

-Tô nervosa, tô atrasada. Minha amiga tá me esperando.

-Eu notei mesmo que você tava tensa com a hora.

E eu fiquei ali pensando: quando foi que eu deixei alguém chegar tão perto a ponto de perceber que eu estou tensa?

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Minha mãe é jovem e usa computador pra trabalhar. Em casa só usa quando meu irmão e eu viajamos, pra manter contato através de e-mails diários que alternam entre dois títulos. SAUDADE e MUITA SAUDADE. Quando eu passei uns meses na França, até o e-mail no qual ela mandou a receita dela de moqueca veio com o título SAUDADE.

Desde maio minha mãe tem um smartphone. Eu fiz uma conta pra ela no Facebook e desde esse dia, a qualquer momento, quando você olha pra ela, ela tá lá, celular na mão esquerda, mão direita deslizando na tela. Quando está em casa, ela vai escrevendo e mandando recados no Facebook e narrando pro meu pai tudo o que está fazendo e o que estão dizendo pra ela. (meu pai não tem um smartphone, mas tem um celularzinho com câmera que ele usa pra tirar fotos das flores dele no terraço e mandar pra gente por mensagem. ele é coautor de grande parte das mensagens que minha mãe manda)

Sei que minha mãe tá amando a Internet no celular de um jeito que eu nunca ia imaginar. Outro dia ela comemorou quando aprendeu a fazer coraçãozinho usando o < e o 3. E outro dia a wifi caiu e ela me mandou um whatsapp "A Internet está fora do ar? [emoticon de carinha chorando] [coração partido] [cocô] [bomba]"

Ela agora também responde e-mail muito mais rápido, no celular.

Hoje eu esqueci meu celular em casa. Depois do momento DESESPERO! COMO SE VIVE SEM UM CELULAR? NÃO VOU CONSEGUIR!, cheguei no trabalho e mandei um e-mail pra minha mãe avisando que estava sem o celular, que qualquer coisa me mandasse e-mail.

Ela me respondeu em uma hora, com um e-mail sem texto no corpo e com o título "OK, filha, agora que eu vi. estava no mercado, comprei iogurte grego pra você, bjs."

Respondi o e-mail dela.

Ela me mandou um novo e-mail cujo título era "Escrevi só no assunto, hahaha" e no corpo estava escrito "Deu pra entender?" 

Eu respondi que sim, que tinha respondido naquele e-mail mesmo.

Ela mandou um terceiro e-mail. O título era "Iogurte grego" e no e-mail dizia "hahaha, seu pai levou uma colher pro mercado pra provar o iogurte, como manda a propaganda.

é brincadeira, não levou! eu não deixei!"

Se fofura tem limite, minha mãe não conhece. 

domingo, 30 de setembro de 2012



Preciso:


-cortar o cabelo
-cortar gastos
-estudar mais
-falar o que eu sinto
-comer menos açúcar
-dormir mais
-fazer mais coisas em menos tempo
-cozinhar mais
-decidir as férias
-pensar num mestrado
-trocar de corretivo
-ver mais filmes
-correr

Não quero que esteja comigo o tempo todo porque não aguento ninguém comigo o tempo todo.


Quero que queira estar comigo uma grande parte do tempo. Na parte do meu tempo em que eu quero estar com alguém.

Eu sou mesmo uma pessoa muito difícil.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Aquela sensação que eu conheço tão bem e você conhece tão bem e todo mundo. Todo mundo conhece tão bem. Aquela sensação, que todo mundo conhece tão bem, de que tá terminando.

A gente tá no final, mas não vai causar o fim. A gente tá no final, mas escolheu esperar acabar. A gente tá no final, não tem muito como salvar. A gente tá no final e tá vendo isso, um pouquinho a cada dia, com sorrisos sem graça e dezenas de hehehes. E se a gente só se comunicasse por emoticons? Será que ia demorar mais?

Aquela sensação de que a gente sabe que não adianta ficar parada e quietinha aqui. O final já nos achou.

Aquela sensação de quem já passou por isso, de quem sabe que vai doer, de quem sabe que vai passar.

Demorou, mas aquela sensação chegou. De novo.

A sensação - nova, agora - de que a queda vai ser de pé. Desta vez.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

"O Crisóstomo queria ser suave no caminho, queria não parecer maluco."


O que é mais ou menos o que quase todo mundo quer da vida. Não parecer maluco. Só.


essa frase é de um livro lindo que eu li na semana passada. O filho de mil homens, do Valter Hugo Mãe. que livro lindo. queria poder distribuir esse livro, dar um pra cada pessoa que eu amo. se for ler no ônibus, cuidado, perigo de chorar em público.

domingo, 16 de setembro de 2012

Foram três os diálogos ouvidos no ônibus no dia 15 de setembro de 2012.


O primeiro, da Rio Branco à São Clemente, um menino estava terminando com uma menina. Ou tinha acabado de terminar. Ele no ônibus, ela no telefone. Parecia que ela estava se explicando. Ele tinha descoberto que ela falava com outros caras pelo Facebook. Com o L. com certeza.

-Deixa rolar, C., deixa rolar. Eu fiquei traumatizado com essa história, mas tudo bem, foi um aprendizado. Me deixa ir, que eu já estou me alterando aqui no ônibus. Você é muito cara-de-pau.

O segundo, do Menezes Cortes a Nova Iguaçu, um casal sentado lado a lado, comendo Ruffles. No meio do engarrafamento da Dutra, ela gritou:

-PARA de soltar pum no ônibus! Para!
Ele riu.

O terceiro, no mesmo ônibus do Menezes Cortes a Nova Iguaçu, uma das passageiras mais legais do ônibus (mantenho uma lista dos passageiros que odeio e dos que adoro), falando pelo celular com a amiga:

-Você dá muito mole de colocar essas coisas no Facebook. Ele já é cheio de dor de corno, se ler essas coisas, imagina. Nada a ver. Tem coisas que homem não precisa saber.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Preciso:


-cortar o cabelo
-cortar gastos
-estudar mais
-falar o que eu sinto
-comer menos açúcar
-dormir mais
-fazer mais coisas em menos tempo
-cozinhar mais
-decidir as férias
-pensar num mestrado
-trocar de corretivo
-ver mais filmes
-correr

domingo, 26 de agosto de 2012

Uma vida inteira ouvindo "ah, não se preocupe, a vida vai melhorar!" e tendo que explicar "cara, a vida não tá ruim."


A vida tá ótima, meu emprego tá ótimo, o sexo tá ótimo, meus amigos são ótimos, as viagens tão ótimas, os livros tão ótimos, o doce de leite tá ótimo, o vinho tá ótimo.

Tá tudo ótimo.

E é por isso que o que eu sinto é depressão e não tristeza.

domingo, 19 de agosto de 2012

Cada vez mais fios brancos. Comecei a arrancar quando os primeiros apareceram, porque não mereço, além de tudo, o trabalho de pintar o cabelo. Ainda.


Mas são cada vez mais, um exército, a maioria concentrada no lado direito da cabeça. Ando pensando muito em me tornar uma pessoa de mecha branca. Será que fica sofisticado?

Só sei que levo muito pro lado pessoal. Cada fio branco, pequeno ou longo. Cada fio branco é um ataque.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Acho que eu devia escrever no meu currículo: "ótima ex-namorada".


Só pra tranquilizar (e me gabar).

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Cheguei em casa e fui recebida pelo meu pai com a mão pra cima.

Fiz um high five (como pede a etiqueta nesse caso) e ele disse:

-Choque! Choque de monstro!

E foi assim que eu descobri que meu pai foi um adolescente funkeiro em 1995.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Eu fiz uma coisa que achei que nunca faria na vida: fui a um encontro de pessoas da minha turma na escola.


Eu não ia, ignorei o convite até o último minuto, quando recebi uma mensagem de uma das poucas amigas que me sobraram da escola dizendo que ia. Corri, escolhi uma roupa e fui, pensando que era bobagem ficar com medo de rever aquelas pessoas. Se eu fui até Paris e revi um grande amor perdido, nada pode ser mais assustador.

Foi bem assustador, mas não ao ponto de enfiar as mãos nos bolsos do casaco com medo que alguém pegasse nelas.

Como sempre, não foi nada como num filme. Mil ilusões de como eu ia chegar lá com um ventilador fazendo ffff no meu cabelo esvoaçante. Mas só em filme mesmo. Ninguém estava acabado e com inveja da minha vida ótima. As pessoas também estão ótimas e felizes e algumas estão casadas, outras estão solteiras e quase todo mundo tem um sobrinho, mas tá todo mundo bem satisfeito com a vida e mais bonito do que na escola. E eu ouvi uma história tão bonita sobre o que aconteceu depois da escola com a vida de uma menina que estudou comigo que tenho repetido a história pra mim mesma às vezes, só pra não esquecer.

E, depois de ouvir que, wait for it, eu sempre fui uma pessoa muito difícil, eu, que cheguei planejando ir embora 40 minutos depois, acabei indo embora junto com todo mundo, com as mãos nos bolsos do casaco. Mas foi porque tava meio frio.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Há uns anos uns homens inventaram na Internet uma coisa chamada Lingerie Day. Da primeira vez, achei que fosse só uma brincadeira machista. Eles pediam que mulheres colocassem em seus avatares fotos de si mesmas usando lingerie.


Fiquei incomodada já dessa primeira vez, porque não vejo sentido nenhum em obedecer a um chamado machista desses, mas não imaginei que a coisa tomaria a proporção que tomou.

E mais incomodada ainda eu fiquei quando li textos justificando o ato de mandar fotos para o Lingerie Day como uma escolha feminista.

Espera. É um ato proposto por homens. No site onde eles organizam a coisa toda, montado e escrito por homens, deixam bem claro que apenas mulheres bonitas podem mandar fotos. E quem é bonita? Eu não sei, mas eles se empenham tanto nessa coisa de estabelecer qual é a aparência aceitável de uma mulher, que você pode vê-los por aí, nos blogs femininos, dando opinião sobre nosso corte de cabelo até o formato das nossas unhas (juro!), passando por que tipo de leggings e pulseiras nós devemos usar para agradá-los.

(Não vou nem começar a falar do quanto é triste ver homens dando opinião sobre a aparência de uma mulher num blog feminino, lido principalmente por mulheres jovens e adolescentes, ainda formando sua autoimagem.)

Então, é isso. Homens inventaram o Lingerie Day, dizem que você não pode tirar foto com uma lingerie velha e não pode mandar foto pra eles se for feia. Mas, de alguma forma, isso não só resistiu aos anos, como quiseram transformar isso numa escolha feminista. Não é. Nunca foi, não vai ser só porque a gente decidiu.

Não é um debate sobre pornografia, não é um debate sobre nudez. Não é um debate. Não é um protesto. Não vamos confundir as coisas. Somos nós obedecendo a homens que assumidamente querem se divertir à nossa custa.

Tire a roupa quando quiser, pra quem você quiser, quantas vezes você quiser. Se a nudez é libertadora, libertária, se é tão importante pra você mostrar que é dona do seu corpo, tire a roupa. Mas não tire a roupa hoje. Tirando a roupa hoje, a escolha não é sua.


Sister blister, we fight to please the brothers
We think their acceptance is how we win
They're happy we're climbing over each other
To beg the club of boys to let us in

domingo, 22 de julho de 2012

A última prova do semestre sempre é oral, para todos os alunos. Para a turma de minialunos que eu tinha este semestre, era a primeira prova oral deles.


Eu sempre explico antes como é a prova, explico que não vai ter nada que eles não tenham visto e tal.

Daí, na prova, antes de pedir que eles respondam qualquer coisa, eu sempre dou um exemplo, pra eles saberem como tem que fazer.

Numa parte da prova, o slide de exemplo é a foto de um cavalo branco.

Assim que o slide abriu, antes que eu falasse qualquer coisa, João Victor levantou a mão, um pouco desesperado:
-Tia, isso é um unicórnio? Porque isso a gente não aprendeu!!

terça-feira, 17 de julho de 2012

Foi o pedido de desculpas mais mixuruca de toda a história dos pedidos de desculpa. Mas foi um pedido de desculpas. E eu posso ter dito o que eu tinha pra dizer de cabeça baixa, mas eu disse.


E o melhor é que eu disse sem saber como as coisas vão ficar. Disse porque estava devendo.


e, ok, não curtiu o presente de aniversário que eu dei. mas tava usando o cardigã que eu trouxe de paris.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Tenho um plano pro fim de semana. Vou fazer uma coisa que há muitos anos não faço. É a primeira vez que eu faço isso com essa pessoa. Estou um pouco nervosa, não sei direito como fazer. Não sei se anuncio ou se faço de uma vez. Ensaiei um pouco sozinha como vou fazer, mas acho que na hora, com a outra pessoa no meio, vai ser diferente.


Estou um pouco nervosa, faz tanto tempo, nem sei se lembro direito como se faz. Mas não posso evitar, tenho que fazer.

Vou pedir desculpas.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Minha analista tem uma pasta com tudo sobre mim. É amarela, tem meu nome na capa e quase sempre já está em cima da mesa dela quando eu chego. Na pasta tem tudo o que eu disse nesses cinco anos juntas.


Então, quando eu chego lá fazendo queixa dele, do que fez, do que deixou de fazer, de como estou magoada, comendo doce de leite e ainda assim emagrecendo, ela folheia tudo sobre mim que está dentro da pasta e diz:

-Agora vamos ver as coisas que você fez e disse pra ele.

Mas que que é isso? A gente não pode só falar de como eu sou legal, fofa e mereço ser amada?

Fico triste. =(

sábado, 7 de julho de 2012

Meu pai me ouviu chorando e veio ver o que estava acontecendo. Perguntou se eu estava chorando, mesmo vendo as lágrimas e o rosto todo inchado. Achei gentil. Eu disse que sim, ele perguntou por quê. Eu disse que era a vida. Ele disse pra eu não chorar mais.


Sempre me dá pena do meu pai quando ele me vê chorar. A cara que ele faz, que dó.

diário do coração partido 3, semana 1.

domingo, 1 de julho de 2012

Me arrependo muito de ter sido tão moderna e na minha e penso em tudo o que eu não disse. Cogito mandar um e-mail agora, mas não quero soar como vítima nem reacender o contato.


De que adianta ser tão cool se depois eu vou chorar ouvindo Nuvem de Lágrimas?

diário do coração partido 3, semana 4.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Quebrei um prato no quarto e recolhi os cacos do meu jeitinho. Isso quer dizer que a qualquer momento um desses caquinhos que é certo que sobraram aqui vai entrar no meu pé, percorrer todas as minhas veias até chegar ao meu coração*. E eu vou mor-rer.


Estou tratando como uma daquelas coisas inevitáveis da vida.

Sem drama.

Tem que acontecer.



*você também tinha uma vó que falava isso quando você se recusava a estender o dedo pra ela tirar a farpa? eu tinha e minha mãe conta a história de uma amiga dela que, na adolescência, tentou se matar enfiando uma agulha no braço, esperando que ela chegasse até o coração. sem drama.

domingo, 24 de junho de 2012

Fiz uns exercícios difíceis no pilates. Sofri. Tive que parar e respirar. Parar humilhada por estar numa condição física tão ruim. Como deixei chegar a este ponto? Vamos lá, não vou desistir.


No final da aula, a professora perguntou se eu trabalhava sentada ou em pé.
-Agora, mais sentada.
-Hm, então amanhã você vai ficar com dor no bumbum.

No dia seguinte, não consegui me livrar do desespero interno. Minha bunda não doeu.

E SE NÃO ESTIVER DANDO RESULTADO?

/o\

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Aos 29, noto que ainda tenho muitas lágrimas, mas a disposição para chorar um coração partido não é mais a mesma.


Não sei se é por não ser o primeiro nem o segundo ou se é pela resignação de saber que não será o último, mas tenho chorado aos poucos. Um pouquinho por dia.

É bom porque dá pra fazer muitas coisas, sem que o coração partido atrapalhe minha rotina.
É ruim porque parece que falta alguma coisa.

diário do coração partido 3, semana 2.


(o diário tá todo fora de ordem)

domingo, 17 de junho de 2012

Já passei por alguns rompimentos, dos dois tipos que há.



Tem aqueles em que a gente não consegue respirar sem o contato. Insiste em e-mails, mensagens, lembranças, telefonemas como quem não quer nada, só pra dizer que eu vi um filme que me lembrou você, num fingimento de amizade e naturalidade que a gente insiste em encenar porque quer ser madura. Ou então sufoca o quanto pode, pede por favor, não deixa de me amar, faz vergonha. Esgota até o último bocadinho de amor. Fica ali até secar - até você secar, até não restar nada. E se engana dizendo que nunca mais vai amar. Esses são os mais dolorosos.

E tem aqueles rompimentos em que é fácil sumir. Não procurar ou ser procurada parece até natural. Sim, outra vai ocupar o seu espaço. Outro vai ocupar o espaço dele. Pra que se agarrar ao que acabou? Não tem como jogar a culpa em ninguém. Como a gente faz pouca falta. É espantoso ver como pode ser fácil esse processo de se desvencilhar de alguém a quem se é tão apegada. Esses são os mais amargos.

Que gosto ruim tem isso de ver como era frouxo o nó.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Esse tempo todo eu fiquei pensando em qual seria o meu limite.


Tanta coisa eu imaginei. Nunca pensei que seria a falta de um "eu também" quando eu dissesse que estou com saudade.

Que coisa.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

É incrível a capacidade que a gente tem de ser rejeitada tanto e de tantas maneiras diferentes.


Eu me sinto um joão-bobo.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Estar sentada ali, naquele consultório, e ouvir a palavra autossabotagem faz a pessoa querer sair correndo sem olhar pra trás.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

"Enfim Willy ponderou a ideia de que não havia nada de errado com a gentileza, mas sim algo de errado nela."


Por causa da Mari, que me deu de presente, e da Dri, que há meses fala que eu preciso ler esse livro, estou lendo. Com muito medo das próximas páginas.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Melhor elogio dos últimos tempos:


-Você deixa meu banheiro tão cheiroso quando toma banho nele.

he. ;)

quarta-feira, 16 de maio de 2012

No começo do dia, minha chefe nova me pediu pra organizar umas coisas numa planilha de Excel.


- Quero fazer uma pausa e dizer que sempre que uso Excel me sinto uma farsa. Só sei usar pra fazer tabelas. Não uso fórmulas e essas coisas para qual o programa foi criado. Mas construo tabelas bonitinhas, com cores diferentes e tal. Acabou a pausa. -

Daí passei o dia conferindo as atividades, abrindo arquivo por arquivo e registrando tudo na minha planilha que tinha três abas diferentes, cada uma de uma cor pastel. E na última coluna de cada, o aviso em vermelho avisando que algo estava faltando.

No final do dia, planilhas prontas, enviadas pro google docs, ops, google drive, compartilhadas, e-mail de aviso enviado, falei com a minha nova chefe:

-D., adorei o que eu fiz hoje. Adoro organizar coisas em tabelinhas. Nossa, me deu até uma onda! Fiquei high de organização.

me.deu.até.uma.onda.

Pra que ser centrada se eu posso ser inadequada?

domingo, 13 de maio de 2012

Eu queria escrever "eu tenho um senso de humor meio perturbado". Quando vi, tinha saído "eu tenho um senso de amor meio perturbado".


Corrigi e continuei escrevendo o e-mail, como se nada tivesse acontecido.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

A noite que se encerra depois de ver Namorados para sempre, com Faz parte do meu show repetida à exaustão.


Que filme assustador. Sinto que regredi meses na terapia só por ter assistido.


uma oportunidade de dizer que tradutores não têm nada a ver com o título do filme em português nunca é uma oportunidade desperdiçada. não nos odeie porque a gente faz legenda. a culpa do título não é nossa!

terça-feira, 8 de maio de 2012

E tem aqueles dias em que você chega a se perguntar se "não consigo achar o pé esquerdo do meu tênis e tá chovendo" é um bom motivo pra ter a falta abonada no trabalho.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Passar a vida me desculpando.


Desculpa, não te liguei. Desculpa, não falei direito com você quando te vi por acaso na rua. Desculpa, hoje não dá. Desculpa, não tenho vontade de sair de casa. Desculpa, não tenho ânimo. Desculpa, eu como pouco mesmo. Desculpa, não quero comer o prato que você fez pra mim. Desculpa, não vai dar pra te acompanhar. Desculpa, não encosta em mim hoje. Desculpa, nada do que você fizer vai melhorar o meu dia. Desculpa se eu estraguei o seu dia. Desculpa se não estou como você esperava. Desculpa não ser a mesma pessoa de quando você me conheceu, eu tava bem naquele dia. Desculpa se eu estou triste desde os 15 anos de idade. Desculpa se eu não achei graça na piada. Desculpa se eu não gosto dessa banda que você me mostrou. Desculpa, não gostei do filme. Desculpa por não ser boa companhia. Desculpa se eu não vou fazer o que eu tinha combinado.

Sei bem.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Acordei de um cochilo à tarde com um mau humor tão grande, mas tão grande, que quando vi, já tinha mandado e-mails irados com reclamações para três empresas. Uma das reclamações era sobre um problema de novembro de 2011. Novembro de 2011.


Isso tem que entrar pra uma série chamada É por isso que eu não posso ter um namorado.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Quando me perguntaram por que pegar um avião, gastar tempo, dinheiro e energia por menos de 24 horas, não soube responder. Tentei rapidamente achar um motivo que fizesse sentido, mas não consegui.


Mais tarde, já esparramada no sofá, vendo televisão, pensei que é porque isso me faz bem feliz.

Também. Me faz bem feliz também, como outras coisas fazem. Do jeito que eu acho que tem que ser.

quarta-feira, 11 de abril de 2012


Eu tava indo encontrar a Mari pra um choppinho, já tinha me atrasado comprando um presente pra minha prima, tava tudo engarrafado, então resolvi ir de táxi pra chegar um pouco mais rápido.

Estou lá, na rua cheia de carros, braço estendido, tentando pegar um táxi. Todos os táxis estavam ocupados. Todos os táxis passavam com pelo menos uma pessoa dentro, além do motorista. Uma pessoa sortuda que começaria a tomar chopp muito mais cedo do que eu.

Daí eu tava lá, balançando meu bracinho e aparece na mesma esquina onde eu estava uma mãe com um bebê no colo. Percebendo minha insignificância - ninguém pararia pra mim e não pra uma mãe com bebê no colo. e, se parasse, eu não poderia não ceder o táxi pra ela - mudei de lugar à procura de um táxi.

Daí, estou lá, pedindo ao universo que me mande um táxi, por favor, que é sexta, já trabalhei a semana toda e ainda vou trabalhar no sábado e no domingo tenho freela pra entregar. Do nada, aparece uma freira. Uma freira. Ninguém vai parar pra mim podendo parar pra uma freirinha e ganhar pontos com deus. Ninguém. Saí e fui procurar um táxi em outro lugar.

Daí tô lá, no meu pontinho da rua, braço balançando, um táxi vazio finalmente para. Um táxi! Um táxi vazio! Do nada - do nada! - surge uma velhinha.


Não tive nem tempo de cogitar ser uma pessoa terrível e entrar no táxi assim mesmo. A velhinha olhou pra mim e eu dei um pulinho pra trás.

Ela estava com uma maquiagem de Cisne Negro.


Eu nem tinha tomado o chopp com a Mari ainda, então posso jurar.

O post é mais uma dica mesmo. Ande sempre com um lápis preto na bolsa. Se estiver difícil de conseguir um táxi, faz o cisne.

domingo, 1 de abril de 2012

Uma vida inteira sendo esquecida.


Uma vida inteira esperando ser esquecida.

(às vezes até torcendo)

quarta-feira, 28 de março de 2012

Ainda não tá claro?


Não é medo do início. A gente tem medo é do fim.

Nós. Todos nós que andamos por aí com um coração trancadinho. É medo do fim, do fim.

De todas aquelas semanas que nós vamos passar nos arrastando pelos cantos, comendo doce-de-leite, relembrando diálogos, imprimindo e-mails e levando pra analista ler, vasculhando a vida do outro pra ver como é possível ser feliz sem a nossa presença, de todas as vezes que vamos ter certeza que vamos morrer sozinhos. É medo de engordar ou emagrecer de tristeza. Dos discos da Alanis que a gente vai ouvir sem parar.

Medo de montanha-russa e de nunca saber exatamente em que ponto a gente vai ficar de cabeça pra baixo.

Porque, né? A gente vai ficar de cabeça pra baixo.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Fico olhando o cabelo, tão lindo, com uns poucos fios brancos e penso que vai ficar mais bonito ainda grisalho.


É nesse tipo de coisa que eu penso.


não é do meu cabelo que eu tô falando, hihihi.

domingo, 18 de março de 2012

Mais engraçado ainda do que quando uma desconhecida me consola enquanto choro em público, é quando ninguém ao meu redor consegue olhar pra mim.


Tô chorando em público e as pessoas ao redor estão esperando o elevador olhando pro teto, fingindo que nada está acontecendo.

Fica à vontade, pessoal. É só tristeza, não é contagioso.

(às vezes é)

terça-feira, 13 de março de 2012

Eu vou e volto do trabalho num ônibus executivo bem confortável, com iluminação fraca, bem apropriado pra descansar/dormir. E chorar. Curto muito chorar nesse ônibus, porque, indo ou voltando, geralmente a maioria dos passageiros tá dormindo, ou na Internet do celular, ou ouvindo música, ninguém presta muita atenção um no outro. Dá pra chorar com tranquilidade.


Daí outro dia tava voltando pra casa e chorando, tentando ser discreta, fungando um pouquinho aqui, secando uma lágrima ali. Na maior dignidade.

Até que a moça ao meu lado olhou pra mim, segurou na minha mão e perguntou o que estava acontecendo. Um pouco chocada, eu disse "ah, as coisas dão tão errado!"

Ela me deu um abracinho e disse "vai passar, vai passar."

Nossa, vou te contar que toda a energia que estava sendo usada pra gerar lágrimas teve que ser usada pra impedir uma crise de ansiedade. Porque só o que eu conseguia pensar era "tem uma pessoa me consolando. eu PRECISO parar de chorar AGORA."

Da próxima vez, finjo um desmaio, vai ser mais simples.

sábado, 10 de março de 2012

Eu nado muito bem. Meus pais nadam muito bem, se conheceram à beira de uma piscina. E desde pequena sempre ouvi dos dois que, caso um dia eu estivesse nadando no mar e uma onda me puxasse, não era pra lutar. Era pra ficar relaxada, deixar a onda me levar e depois voltar de onde ela tivesse me deixado.

Com a depressão é igualzinho.

domingo, 4 de março de 2012

Ele gosta de mim do jeito dele.

Eu gosto dele do meu jeito.

É mais complicado do que eu gostaria, mas é mais simples do que eu pensava.

:)

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Aí na hora do lanche você vai e diz pra um amigo que arruinou as chances de casar e ter três filhos com o Lindo e conta o que aconteceu e ouve:


-Ah, que isso, as pessoas se casam com idiotas o tempo todo!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Bom, o trabalho novo. No trabalho novo tem um lindo. É um homem bem bonito. Eu não lido bem com gente bonita. Não sei como agir. Homem ou mulher, pessoas lindas me deixam sem graça. Fico nervosa e só falo coisas idiotas, porque só consigo pensar em perguntar "você sabe o quanto é lindo?"


Daí lá no trabalho tem o Lindo. Além de lindo, ele é simpático e está sempre sorrindo. O Lindo não ajuda, né? Bem que podia ser antipático. Todos têm 13 anos e ficam sem graça na frente do Lindo. Todo mundo torce pra ele não falar nada, porque ninguém sabe o que responder. As mentes estão cheias de "como você é lindo!"

Eu tava indo à copa pra encher minha garrafinha d'água. O Lindo estava entrando, deu um sorriso e disse "oi, tudo bem?"

Você tem uma chance só pra adivinhar o que eu fiz:
(a) Dei um sorriso, joguei o cabelo e disse "tudo ótimo, e com você?"
(b) Fiquei tensa e dei uma gargalhada louca bem na cara dele que demorou muitos segundos além do que poderia ser considerado normal pra uma gargalhada.

Dica: saí com as bochechas quentes.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Das coisas que a gente demora a aprender e às vezes nunca aprende: como não confundir a carência do outro com amor.


É só carência, é só carência. É um pouquinho de solidão. É só carência.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Nunca fui tão sincera na vida quanto quando passei a ter um não-relacionamento.


Olha que engraçado.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

não estou reclamando

Tive que comprar óculos novos. Eu quase não uso óculos. Só em casa, pra ver tevê. Na maior parte do tempo uso lentes. Mas agora, com o trabalho novo, vou passar mais tempo na frente do computador e é ruim usar lentes assim. Resolvi vencer a barreira de quem usou óculos a adolescência toda e odiava, e voltar a usar mais óculos do que lente.

Daí fui comprar óculos. Eu já sabia que tipo de armação eu queria e sabia até a marca, mas mesmo assim tem toda aquela coisa de experimentar, olhar no espelho de perto, olhar no espelho de longe e tal.

Não demorei nem meia hora entre experimentar, escolher o tipo de lente, entregar a receita e pagar.

No caminho de volta pra casa, fiquei pensando que aquela havia sido a primeira vez que comprei óculos sozinha, sem ouvir a opinião de ninguém.

Tem uma coisa boa de não precisar que mais ninguém goste dos meus óculos. Meus óculos não precisam agradar a mais ninguém além de mim.

Mas também tem uma solidão de não ter ninguém pra dizer "que feio!" ou "ficou linda assim."


achei melhor avisar logo no título que não estou reclamando. este não é um post de reclamação. este é um post de reflexão. :)

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Vê só que eu tava lá em Paris e a Helô também. A gente se conheceu. Isso oficialmente. Porque de verdade parecia que a gente tava se reencontrando e se conhecia desde sempre.

junto com a gente na foto, a Ali.

Nós fomos a um restaurantinho todo natureba pertinho do meu hotel, tava bem gostoso, a Rose Bakery (30 Rue Debelleyme)

isso aí dentro da sacola de papel da Helô é brownie!

Eu não tenho nem o que falar da Helô. Ela deve ser a pessoa mais simpática do mundo. Tô dizendo que deve ser porque eu não conheço todas as pessoas do mundo, e como a Helô é mega simpática, é bem capaz de ser mesmo. A mais simpática do mundo. E a mais fofa.

Quando a gente sentou na Rose Bakery e foi estudar o cardápio pra decidir o que pedir, foi como se a gente tivesse se visto pela última vez há duas semanas.

Eu também acho engraçado que as pessoas ainda achem estranho conhecer alguém pela Internet. Eu acho estranho conhecer alguém fora da Internet. Eu não sei bem o que todo mundo faz na Internet. Eu falo. Falo sozinha, falo com pessoas que eu conheço, falo com pessoas que eu não conheço, passo a conhecer pessoas e falo com elas. Falo o tempo todo. Isso é mais ou menos o que eu faço fora da Internet, onde, além de tudo, eu posso abraçar. :D

Eu tava no meio de uma aula em novembro quando minha chefe, pelo vidro da porta, disse que queria falar comigo quando eu terminasse.


Eu logo pensei que tinha feito uma coisa terrível. Passei o resto da aula tensa, tentando pensar em tudo que eu tinha feito naquela semana. O que eu podia ter feito de tão errado?

Daí a aula acabou, eu liberei os alunos, fui pra sala dos professores arrumar minhas coisas no meu armário, ainda tensa. Não conseguia pensar em mais nada. Naquela semana eu tinha entregado os relatórios de desempenho dos meus alunos. Será que algum pai estava furioso por causa das notas do filho?

Entrei na sala dela e ela me contou que tinha acabado de receber um e-mail me convidando pra fazer um trabalho na editora da escola de inglês onde eu trabalho.

Antes de ficar feliz, - o que eu fiquei, muito, depois de alguns segundos - eu fiquei aliviada por não ter feito nada errado.

É uma delícia ser eu.


eu vou continuar dando aula, mas menos. vou dar aulas e fazer outra coisa. acho que eu vou trabalhar mais. e estou tensa, bem tensa, sem saber se eu vou saber fazer o que eu vou ter que fazer.

Já estou no Brasil há uns dias. Já pulei num avião de novo pra ir ali entregar presentes e tomar café. Já voltei pra casa pra viver meu último dia de férias.

Fui e voltei inteira e ainda estou achando bem inacreditável.

Da última vez que me despedi, eu não consegui respirar. Eu fiquei sem respirar por pelo menos um ano. Não respirei durante um ano inteiro. E se eu pensar bem, acho que nem piscar eu pisquei.

Dessa vez me despedi respirando, agradecendo pela companhia, agradecendo pelo livro com dois anos de atraso, com um abraço que não me partiu em milhões de caquinhos.

Foi bom demais ir. Foi bom demais voltar. Das duas vezes.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Oi, gente, desculpa!

Não estou deletando comentários. É que estou usando a internet no celular aqui e me perco na moderação.

Estou tentando aprovar todos. Quando eu voltar pra casa, vai ficar mais fácil de achar os que eu deixei passar.

Beijo!

sábado, 21 de janeiro de 2012

Que roupa você usa pra rever o amor da sua vida?

Eu usei um vestido e botas de cano alto.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Bonjour, estou em Paris!

A primeira coisa que eu fiz foi ver se a torre estava tão linda quanto eu lembrava.

Sim, tão linda quanto.


domingo, 15 de janeiro de 2012

No Portäo de Brandenburgo



näo estou viajando sozinha, entäo desta vez näo terei fotos apenas da minha cabeca.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Tö em Berlim!

Nem tá frio, hein?

;P

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Uma outra resolução pra 2012 e pra vida toda é fazer exatamente o contrário do que eu normalmente faria.


Sim, bem George Costanza.

Essa resolução eu já comecei a colocar em prática ano passado e tem dado certo.

Sim, bem George Costanza.

Tem sido bom pra mim fazer o contrário do que eu normalmente faria. Tá?

O contrário do que eu normalmente faria. Porque quando eu faço o que eu acho que é certo, nada dá certo.

Bem George Costanza.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Eu sei que já é dia nove de janeiro, mas ainda é janeiro e ainda posso desejar coisas pro meu ano novo. Pensei, pensei, pensei no que eu quero pra esse ano. E o que eu quero é me livrar da raiva. Você pode não perceber de cara, porque eu estou de vestido de coração e cinto de laço, mas tem muita raiva dentro de mim.

Eu sei que não vou conseguir me livrar da raiva. Então eu quero que a raiva não estrague o meu dia. Eu levei muito tempo e precisei da terapia pra entender que a raiva não me faz bem. Você pode me achar estúpida por não ter entendido isso sozinha e bem rápido. Tudo bem, pode achar, eu não vou ficar com raiva. Porque este ano a raiva não vai me afetar. Não vai estragar meu dia. Não vai me fazer chorar (já reparou como lágrima de raiva é muito quente?). Não vai me fazer perder o fôlego. Não vai me fazer brigar com ninguém. Não vai me fazer revirar os olhos e fazer cara de desprezo pra pessoas que eu nem conheço.

Nada disso vai acontecer, porque eu aprendi a respirar e eu vou respirar toda vez que sentir uma pontinha de raiva que seja. Um, dois, três. Passou.

Eu não vou deixar a raiva tomar conta de mim achando que isso vai fazer diferença. Ninguém se importa se eu estou com raiva. Não faz diferença pra pessoa que me deixou com raiva. Eu não quero estragar o dia de ninguém.

Eu não vou deixar a raiva tomar conta porque sempre que eu sentir raiva eu vou pensar e não sentir.

É uma das minhas poucas resoluções pra 2012.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Tenho um emprego estável com um salário que me satisfaz. Trabalho fazendo uma coisa que eu amo e sempre quis fazer. Sou fisicamente saudável. Tenho muitos vestidos lindos. Estudei. Tenho uma cachorra fofa. Moro com meus pais porque eu quero e porque minha família é legal e minha casa é confortável. Tenho uma estante cheia de livros que eu li de verdade. Sei alguns dos meus poemas preferidos de cor. Tenho amigos queridos e presentes e uma vida social normal. Me divirto. Não preciso pedir permissão. Vou pra onde eu quero, quando eu quero, com quem eu quero. Sou quem minha mãe dizia que eu podia ser se eu quisesse. Sou quem eu escolhi ser. Gosto de quem eu sou.


Mas todo mundo sempre pergunta "e o namorado?"