quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Amsterdã

Voltei pra casa, cheguei ontem à noite.

Eu sou péssima pra falar sobre viagens, pra dar dicas principalmente. Quando viajo, sempre me perguntam o que eu fiz por lá e eu sempre digo "sei lá, andei, conheci a cidade." Muitas vezes me perguntam se eu visitei a praça tal, a igreja sei lá de quem e eu digo que não. A isso sempre segue uma cara espantada e um comentário do tipo "não acredito que você perdeu isso!"


Olha, eu acredito. Eu acredito que poderia ir ao Rio e não visitar o Cristo Redentor. Aliás, eu nunca fui ao Cristo Redentor. Eu compro um guia, destaco o que gostaria de visitar, pesquiso coisas na Internet, mas acho que uma viagem é cara e rápida demais pra ver coisas só porque alguém me diz que eu tenho que ver. Tem muita coisa que não me interessa. Tem muita coisa que não me interessa na vida, é normal que tenha muitas coisas que não me interessem em viagens. 




Eu posso passar uma tarde sentada num café, lendo ou vendo o movimento, tomando uma cerveja, um chá. Eu sei que são coisas que eu poderia fazer em casa, mas são coisas que eu gosto de fazer em casa, então também gosto de fazer em lugares que não são a minha casa.

Eu tenho a sorte de ter amigos que dão dicas ótimas, tipo "olha os prédios tortos", "come um croquete de máquina" e "vai no café tal, tem uma sopa ótima", coisas desse tipo.


Antes de ir pra Amsterdã, várias pessoas me disseram que uma semana era tempo demais, que em dois dias eu veria a cidade toda, porque é bem pequena. Eu acabei comprando um guia da Bélgica também, pensei que, se eu visse Amsterdã inteira, poderia pegar um trem e passar uns dois ou três dias pela Bélgica e a viagem não estaria perdida. Eu não sei se seria capaz de ver Amsterdã em dois dias ou três. Eu sou meio lenta, eu demoro pra ver as coisas. E eu gosto de ver as coisas mais de uma vez. Eu gosto de repetir restaurantes, se a primeira refeição lá for boa. Eu vou mais de uma vez ao mesmo museu pra ver de novo tudo o que eu vi há dois dias. Eu gosto de parar e comer um sanduíche que não estava nos planos. Eu não sei seguir um roteiro porque eu mudo de ideia toda hora, porque o que eu achava que seria legal acabei achando chato, porque acabo querendo passar mais tempo num lugar pro qual eu só tinha reservado 30 minutos. 

Isso não quer dizer que eu não visite os pontos turísticos, porque, né? eu sou turista. Só que eu não ligo de não visitar todos, se acho que não têm a ver comigo.

No final, eu amei tanto Amsterdã que só fui embora de lá sem dor no coração por não ficar mais porque estava indo pra Paris, que eu já amava.





Em Amsterdã, eu amei os canais, andar pelas ruas me perdendo e me achando depois. O Museu Van Gogh tava em obras, mas uma grande parte das telas estava em outro museu e foi bem emocionante, é um dos meus artistas preferidos. Eu gostei da Heineken Experience, mais até do que achava que ia gostar. Isso pode ter a ver com o fato de pessoas me darem as cervejas grátis que a gente ganha quando compra o ingresso. No final do passeio, tem um bar onde você pode tomar as cervejas. Não sei se foi porque eu estava sozinha e ficaram com pena de mim, mas duas pessoas me deram cerveja grátis. Bom, não tem como não gostar. Eu adorei o Solo, na rua do meu hotel. O risoto de abóbora com cogumelos, uau, uau. O cheeseburger do Café Wildschut, o club sandwich. O clima é super legal. Visitar a casa de Anne Frank foi bem emocionante. Amei o museu Stedelijk, amei. Mas essas são coisas que estão em todos os guias. Amei que tem wifi grátis em qualquer lugar. Viajando sozinha, eu dou muito valor a wifi. Hehe, eu dou valor a wifi sempre, deixa eu ser sincera. Todo mundo falava inglês, a maioria falava muito bem.


Eu não vi várias coisas em Amsterdã, mesmo ficando uma semana. Não comi vários pratos, não visitei vários lugares. Mas eu fui tão feliz durante meu tempo lá, eu vi tantas coisas lindas, senti tantas coisas que não vejo a hora de voltar!


Eu não sou boa pra falar de viagens, mas sou muito boa em lembrar de tudo e já ficar com saudade. =)

tava frio, tava bem frio. a sensação térmica era de -17 em alguns dias. teve gente que me perguntou por que ir a amsterdã no inverno. a resposta é bem simples: se não for no inverno eu não vou, porque só tenho férias em janeiro. adoraria ter ido na primavera e ter visto as tulipas, mas eu não tenho essa opção. you can't always get what you want. e eu acho ok viajar no inverno. temperatura é uma coisa que não me incomoda. frio ou calor, acho que eu sou autorregulável, nada me incomoda muito. são 10 horas num avião, eu não reclamo em viagem. mas não recomendo mesmo viajar no inverno se temperaturas extremas te incomodam, se o frio te faz sofrer fisicamente (eu durmo com bepantol nos lábios, mãos e pés pra minha pele não rachar e sangrar) e se você não tem nem está disposto a comprar um bom casaco.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Na rua do meu hotel tem uma loja de vinis. Eu vi hoje. Quis na mesma hora comprar um pra você. Interromper meus planos pra tarde, desviar do meu caminho, entrar na loja e escolher um disco pra você. Antes de almoçar, antes de ver o Dalí no Pompidou. Voltar no tempo, te dar um presente.

Mas eu não saberia o que escolher. Eu não entendo nada.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

No chat com a minha mãe:


-Filha, o que você quer comer quando chegar? Pastel de camarão? Você é a papa-pastel da mamãe.
-Isso, quero pastel. Sim!
-O que mais você quer?
-Hmmm, preciso pensar. Não quero desperdiçar essa oportunidade maravilhosa de escolher o que eu quiser.
-Mentira, tudo o que vocês pedem eu faço.
-Só faz o que o Rafael pede.
-Mentira, mentira! Faço para agradar os dois. O Rafael não gosta de camarão na moranga e eu faço pra você.
-Ah, mãe. Você faz pra se exibir.
-Hahahaha, que ingrata. Mas é verdade. Tá certo, eu arrebento nos meus quitutes mesmo.
-Convencida.
-Ah, isso também é verdade.
...
Estou em Paris! \o/

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013



A cama do hotel é ótima. O edredom, os travesseiros, tudo. A cama é bem macia, daquelas que me daria dor nas costas se eu dormisse nela todos os dias, mas é exatamente onde eu quero cair depois de passar um dia andando por aí.

Não tenho a intenção de acordar muito cedo porque às 8 ainda está meio escuro. Então fico enrolando, com muita preguiça de levantar da cama, que é toda tão macia. Mas aí penso que tudo bem. Não vim pra passar dois dias, não vim de excursão. Tenho tempo de ver tudo. Vim sozinha e estou de férias, descansando de um ano inteiro de trabalho. Começo a trabalhar dois dias depois de voltar de viagem. Tudo bem descansar agora.

Não tenho muita programação. Hoje quero ir à casa de Anne Frank. Nem sei quantas vezes eu li o diário dela dos meus 13 aos 20 anos, várias. Talvez tenha sido o primeiro livro que eu comprei sozinha numa livraria, não me lembro. De lá vou andar um pouco, pegar o tram, ir parar em outro lugar, andar mais um pouco. Até cansar e voltar pro hotel pra descansar antes do jantar.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013


Estou em Amsterdã.

Fiquei esperando o ônibus em frente ao aeroporto de Schiphol e o frio estava bem tranquilo. Não precisei fechar meu casaco, colocar luvas, chapéu e nem amarrar meu cachecol. Fiquei alguns minutos esperando o ônibus porque não consegui entrar no primeiro que passou, eu sou meio tonta. Estava achando o frio ótimo. Quando percebi, meus dedos estavam vermelhos e em formato de garras. He.

Quando cheguei ao centro de Amsterdã fui pegar um táxi para o meu hotel e só aí senti o frio. Acho que frio assim eu só senti quando fui esquiar. Todo o corpo está coberto e protegido, mas o rosto...

A primeira coisa que eu comi foi sopa. Quando entrei no restaurante, não conseguia pensar em mais nada, só sopa. Depois eu comi hambúrguer também. He.
...
Quando eu entrei no avião e a comissária disse "Welcome", eu respondi "Gracias". Depois, eu no ônibus com a minha mala, só conseguia falar "Pardon" para as pessoas. Meu cérebro enlouqueceu.

Estou tentando pensar que deve existir um mecanismo no meu cérebro dizendo a ele que estou num lugar onde falam uma língua que eu não sei falar, então ele corre e procura línguas que eu não sei falar mas nas quais sei ser educada. Eu estou tentando a aprender a ser educada em holandês, mas, veja bem, obrigada por favor ;) é alstublieft, então a coisa fica um pouco mais complicada.

lembrei que quando fui atropelada por uma bicicleta em santiago, assim que eu vi que não tinha me machucado, comecei a falar em inglês, dizendo que estava bem, que não tinha problema. por que eu não falei em português eu também não sei. meu cérebro enlouquece.


isso foi o que eu vi quando abri a janela do quarto =)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Eu já tive bolos de aniversário em formato de:

-cabeça da Margarida, namorada do Pato Donald - 1 ano
-carrossel - 2 anos
-pessoas se divertindo num parquinho - 3 anos
-bruxa numa vassoura - 4 anos
-pandeiro - 5 anos
-beijo da Xuxa - 6 anos
-borboleta - 7 anos
-flores cor-de-rosa - 9 anos
-bandeira dos Estados Unidos (vou me justificar! a gente tinha acabado de voltar da disney e quando chegou em casa, minha tia tinha enfeitado o prédio inteiro de azul, vermelho e branco, da porta da rua à porta do apartamento. por que ela não enfeitou de verde e amarelo é uma coisa que eu nunca entenderei. bom, o caso é que meu aniversário era uns dias depois e minha mãe quis aproveitar a decoração. acho que ela tava cansada de aniversário temático. foi meu último, o de 12 anos)

Há anos eu não como bolo de aniversário. Não posso ver glacê na minha frente.

faltam três bolos na lista, não consigo lembrar. meu irmão já teve bolo do batman (claro!), de pipa, de tambor (parece que instrumentos de percussão eram dos favoritos da minha mãe), tartaruga ninja, cara de palhaço. nenhum de nós nunca teve bolo surpresa.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Quando eu tinha seis anos, dancei na escola a música Uma barata chamada Kafka dos Inimigos do Rei. Eu dancei vestida de barata, um vestidinho marrom. Meu par, o J., dançou de macacão azul, no papel de dedetizador.


Meu par, o dedetizador de macacão azul, me matava durante a coreografia da música, fazendo movimentos com os braços que imitavam uma bombinha de inseticida. Bombinha de inseticida é uma coisa que nem se usa mais, todo mundo usa spray.

Eu gostei tanto da minha roupinha de barata, o vestidinho marrom, que quis repetir a roupa no meu aniversário de sete anos. O tema do meu aniversário foi escolhido por mim: natureza. E o bolo era em formato de borboleta, feito pela minha vó.

Eu não sei de que forma isso pode marcar um ser humano, mas certeza que ninguém escapa do destino de ter morrido como barata aos seis anos de idade.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Mando um e-mail maluco. Chega a resposta.

Clico em "marcar como lida" pelo celular, sem nem abrir a mensagem pra não ver o tamanho do estrago, mas na verdade queria clicar em "fingir que nada aconteceu".

não adiantou muito. dá pra ler o começo da mensagem e a resposta tinha só uma linha. fucking fuck.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Sonhei que estava numa perfumaria com a Cíntia. Eu gastava 250 reais lá. Daí a Cíntia saía pra tomar sorvete enquanto eu ia fazer sexo com um cara que estudou comigo na escola. Eu não falo nada com ele além de "oi, tudo bem?" há pelo menos 15 anos, embora eu fale sempre com a mãe dele quando passo por ela na rua e pergunto se ela quer ajuda pra carregar as compras e ela me pergunta se estou solteira. Sempre respondo que sim, ela às vezes me diz que o filho também.

A Cíntia não voltava nunca mais, demorou muito e quando finalmente chegou, disse que a sorveteria estava fechada, que tinha ido jantar e assistir ao novo filme do Ang Lee (aquele que é inspirado num livro plagiado do Moacyr Scliar).

Eu perdia o ônibus e tinha que pegar o metrô, onde eu fazia uma sopa de ervilha.
...
Sonhei que eu tinha herdado uma fortuna e uma mansão. Eu estava na minha mansão, cuidando da minha riqueza, mas eu não era eu, eu era um homem bem parecido com o Ricky Gervais. Eu tava de robe verde.

De repente, eu chamava alguém pra falar sobre a situação dos meus empregados. Eu dizia, em inglês: "Acabei de descobrir que a gente só dá salada pras pessoas comerem. Salada de penas!"