segunda-feira, 26 de maio de 2014

Eu tirei meus olhos* óculos na hora de conversar e explicar o que eu estava sentindo. Eu sei que foi uma trapaça. Ele continuou de óculos. Eu sei, porque eu uso óculos minha vida quase toda, que foi uma trapaça, foi pra deixar as coisas mais fáceis para mim. Se eu pudesse ter dito em inglês, em francês, em japonês eu teria dito. Se eu pudesse ter dito numa língua que não era minha eu teria dito, qualquer língua. I've got to go. Se eu pudesse ter dito por telefoneemailwhatsapp. Sem óculos, em javanês, por sms, criando uma distância. I can't breathe. Não tem um jeito fácil de dizer, nem sem óculos. Não tem um jeito indolor, nem em outra língua. O barulho da mala no outro quarto. O zíper, o tênis. Não tem um jeito indolor para ninguém, nem por telegrama. Se eu pudesse não ter dito eu não teria dito. I'm sorry I'm not sorry. Mas eu não podia não dizer, de verdade.

*oi, freud, você vem sempre aqui?

11 comentários:

  1. We'll miss you, sk8ter boy. Mostly the silly stories about you. :c

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  2. nossa, doeu em mim. que texto bonito.

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  3. nossa, doeu em mim. que texto bonito.

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  4. "I took off my glasses
    While you were yelling at me once more than once
    So as not to see you see me react
    Should've put 'em, should've put 'em on again
    So I could see you see me sincerely yelling back"

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  5. Minha melhor amiga sabe da minha disposição para as coisas (um flerte, uma quermesse ou qualquer outro desafio pessoal) pelo simples fato de eu estar de óculos ou de lentes de contato. Mal sabe ela que as vezes também trapaceio. As vezes ver borrão faz tudo ficar mais nítido.

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